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Combustível sustentável de aviação?Brasil pode se tornar a “nova Arábia Saudita”, diz CEO da BBF

Usando a mesma matéria prima da sua Nutella, mas sem desmatar florestas para isso

Combustível sustentável de aviação

O Brasil pode ser a Arábia Saudita na produção de SAF, o Combustível Sustentável de Aviação”. É assim que Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels), define a oportunidade brasileira de se tornar líder na produção de biocombustíveis de segunda geração como o SAF e o Diesel Verde.

O executivo participou nesta manhã do evento Estadão Summit Agro 2023, promovido pelo jornal O Estado de São Paulo, e defendeu o cultivo sustentável da palma de óleo como matéria-prima principal para descarbonizar o setor de aviação.


O evento teve como tema “A nova Revolução Verde: do alimento à energia, o potencial do Brasil para ser superpotência”. A Arábia Saudita é um dos principais países produtores de petróleo do mundo. Estados Unidos, Rússia e o país do Oriente Médio respondem por mais de 40% da produção global da matéria-prima, segundo o Instituto Brasileira de Petróleo e Gás. De acordo com Steagall, atualmente, a produção brasileira de óleo de palma ainda é tímida, colocando o país na décima posição no ranking de maiores produtores. A produção desse óleo, que é o mais consumido no mundo, é concentrada na Indonésia, Malásia e Tailândia, países que detém 95% da produção mundial, estimada em cerca de 80 milhões de toneladas por ano. Este volume está concentrado em cerca de 22 milhões de hectares cultivados com a cultura, que devastou florestas tropicais da Ásia.



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O Brasil, porém, tem o potencial de cultivar a palma, de forma totalmente sustentável, em 31 milhões de hectares de áreas degradadas na região amazônica, segundo robusto trabalho realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A legislação brasileira para o cultivo da palma conta com o Decreto 7.172, estabelecido em 2010 pelo Governo Federal, e é considerada a mais rígida do mundo neste setor, pois permite que a palma seja cultivada apenas em áreas que foram desmatadas na região amazônica até dezembro de 2007.


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“Apesar de seu cultivo ser permitido em toda essa área, sem desmatar uma árvore sequer de floresta, hoje, a palma é plantada em apenas 300 mil hectares no Brasil, aproximadamente, sendo 75 mil hectares deles do Grupo BBF. Com os 31 milhões de hectares disponíveis, temos a oportunidade de gerar 1,1 bilhão de barris de óleo de palma por ano, para ser utilizado no desenvolvimento de biocombustível para atender o setor aéreo. Isso é mais do que é extraído pela Petrobras no nosso pré-sal, por isso, digo que temos um verdadeiro “pré-sal verde” no nosso país”, afirma o executivo.

A partir de 2026, o Grupo BBF vai iniciar o fornecimento de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e Diesel Verde para a Vibra Energia (antiga BR Distribuidora) – em contrato de offtaker. A matéria-prima para os biocombustíveis avançados será o óleo de palma cultivado pelo Grupo BBF na região Amazônica.

Já o refino será feito na primeira biorrefinaria do País a produzir os inéditos biocombustíveis em escala industrial. Devem ser investidos mais de R$ 2,2 bilhões na nova planta, que terá a capacidade de produzir cerca de 500 milhões de litros anualmente de SAF e Diesel Verde. Além da produção de óleo a partir do fruto, o cultivo da palma gera toneladas de folhas, que hoje são usadas apenas para recomposição orgânica dos próprios palmares. Mas segundo Steagall, é possível utilizar essas folhas como biomassa para a geração de energia renovável.

Marco fundiário “A legislação federal para o cultivo da palma de óleo, chamada de Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo (Decreto 7.172, de maio de 2010) é um feito e um grande marco fundiário para esta cultura. O que precisamos agora é de estímulo e capital para que essas áreas sejam desenvolvidas e recuperadas, sendo necessárias linhas de financiamento neste sentido. Muitas empresas como o Grupo BBF podem surgir, o que é muito positivo”, diz.

As fontes de financiamento são um ponto fundamental para o cultivo da palma, já que a planta leva pelo menos quatro anos para iniciar sua fase de colheita de frutos, além da necessidade de construção de usinas para extração do óleo. “O cultivo é feito de forma totalmente manual, sendo esta mais uma virtude desta cultura: ela gera milhares de empregos em regiões remotas, em que as oportunidades de renda são muito pequenas”, explica.

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