Restauração florestal pode gerar 1,46 milhão de toneladas de alimentos ao ano no Brasil
- Solo3 Ecovibes
- 28 de nov. de 2023
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Foco em áreas de preservação desmatadas em assentamentos da reforma agrária é estratégico para o país recuperar 12 milhões de hectares até 2030
Por Cleyton Vilarino via Globo Rural

A restauração com o uso de sistemas agroflorestais das áreas de preservação permanente presentes em assentamentos de reforma agrária permitiria ao Brasil produzir 1,46 milhão de toneladas de alimentos ao ano com geração de 180,6 mil empregos diretos. É o que aponta um estudo que avalia o investimento necessário para o país reflorestar os 12 milhões de hectares com os quais se comprometeu no Acordo de Paris firmado em 2015.
“O que a gente está dizendo é que o país que não fez nada até agora tem uma excelente oportunidade de dar conta desse atraso começando essa atividade de recuperação e de cumprimento das suas metas exatamente pelos assentamentos da reforma agraria”, destaca o diretor executivo do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, responsável pelo levantamento.

Ao todo, os pesquisadores identificaram 998.795 hectares de áreas de preservação desmatadas dentro de assentamentos rurais no Brasil. O mapeamento usou dados do Incra, Mapbiomas e Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FBDS), chegando a 7.884 comunidades, cerca de 83,4% do total existente no país, somando 45,11 milhões de hectares no total.
De acordo com Leitão, o trabalho de restauração florestal dessas áreas é estratégico para o Brasil atingir as suas metas ambientais firmadas no Acordo de Paris, dada as deficiências desse mercado. “Se você quisesse hoje assinar o cheque para fazer a compra de toda a estrutura necessária para reflorestar 12 milhões de hectares, estimada em R$ 228,1 bilhões, você teria um problema”, observa o diretor executivo do Escolhas.

É o caso, por exemplo, de árvores nativas com potencial madeireiro. Além da dificuldade de encontrar mudas, o setor carece de pacotes tecnológicos para a sua exploração tal como ocorre com espécies exóticas largamente exploradas, entre elas o eucalipto e o pinus. “A gente tem uma situação quase estranha. A gente conseguiu fazer isso para o que é de fora, mas não consegue fazer para o que é da gente”, pontua.
Além de estruturar uma cadeia produtiva para o fornecimento de insumos que poderiam contribuir para o reflorestamento dos 11 milhões de hectares restantes, o foco nas áreas de assentamento da agricultura familiar também facilita a adoção de políticas públicas que enderecem o problema, segundo lembra Leitão.
“Estamos focando nos assentamentos primeiro porque eles têm uma autoridade definida que é o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra, que fazem a gestão de um território também já definido. E você tem também uma população beneficiada interessada que pode fazer toda a gestão dessas iniciativas”, comenta o diretor executivo do Instituto Escolhas.

No caso específico da restauração com Sistemas Agroflorestais, indicada para áreas de baixo e médio potencial de regeneração natural, estimam um custo total de R$ 58,8 bilhões ao longo de 30 anos com um retorno de R$ 161,9 bilhões em receita líquida proveniente da produção de alimentos e produtos madeireiros.
Do ponto de vista ambiental, 99,6 milhões de toneladas de CO² seriam retiradas da atmosfera no período.
“A gente está mostrando para o país que a restauração florestal é um investimento, não um gasto, tem retorno e é uma necessidade inadiável do país em função de toda a crise que a gente está enfrentando esse ano com situações mais drásticas desde a seca na Amazônia e as chuvas açoitando violentamente o Rio Grande do Sul o Sul como um todo”, completa Leitão.
Restauração florestal pode gerar 1,46 milhão de toneladas de alimentos ao ano no Brasil
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